No mês de julho, a quantidade de consumidores inadimplentes registrados na base de dados do SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) aumentou 4,43% em relação a julho de 2013. O indicador mensal de inadimplência do consumidor tem abrangência nacional e calcula tanto o número de brasileiros inadimplentes quanto a quantidade de dívidas em atraso.
Análise detalhada do banco de dados revela que o maior avanço nos atrasos ocorreu em setores de água, energia elétrica, esgoto e gás, com alta de 14,55% e que os idosos estão entre o maior número de pessoas com problemas para quitar seus compromissos.
Esse resultado ficou ligeiramente acima do observado em julho do ano passado, quando o número de pessoas inadimplentes apresentou alta de 4,36%. Para o presidente da CNDL, Roque Pellizzaro Junior, a análise contextualizada do indicador de dívidas mostra que a tendência para o segundo semestre deste ano ainda é de crescimento da inadimplência. “O consumidor brasileiro sente dificuldades de pagar os parcelamentos do passado por conta das altas taxas de juros que encarecem as parcelas e por causa do atual cenário de alta dos preços, que diminui o poder de compra do salário dos trabalhadores”, explica.
Na comparação mensal do indicador, em relação a junho deste ano, o número de inadimplentes aumentou 0,42%. O crescimento é superior a todas as taxas mensais para os meses de julho desde 2010 e, na avaliação dos economistas do SPC Brasil, evidencia o atual cenário de fraca atividade econômica brasileira.
Cresce número de dívidas em atraso
O índice em julho apontou que o número de dívidas em atraso em relação ao mesmo período do ano passado cresceu 5,29%, o maior avanço anual registrado desde o início de 2013.
O detalhamento desse indicador de dívidas aponta um crescimento dos parcelamentos atrasados entre 90 e 180 dias que, em relação a julho do ano passado, subiu 12,92%. Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a alta reflete muito provavelmente os parcelamentos atrasados de compras como as de Natal e as do Dia das Mães deste ano, que aliadas a um mal planejamento financeiro, resultam em inadimplência.
Em relação à idade dos consumidores inadimplentes dentro dos registros do SPC Brasil, destaca-se o aumento anual de 9,05% no número de dívidas atrasadas por inadimplentes com idade entre 65 e 84 anos. “Apesar da participação desta faixa etária no total de dívidas ainda ser baixa em relação às demais, o crescimento das pendências é importante por refletir o novo comportamento da terceira idade, que está mais ativa no mercado de trabalho e em outros setores da economia”, explica Marcela Kawauti.
A análise por setores revelou que o maior avanço foi causado pelos atrasos cujos credores são setores de água, luz, esgoto e gás, com alta de 14,55% na base anual de comparação. “O resultado é reflexo da disposição crescente dessas concessionárias em negativar os consumidores inadimplentes, como forma de acelerar o recebimento dos compromissos em atraso”, disse Kawauti.
Em segundo lugar, destaca-se o crescimento de 8,63% das dívidas cujos credores são do segmento de telefonia, TV a cabo e internet. Apenas os atrasos referentes a serviços de contadores, advogados e arquitetos mostrou queda (2,64%) na base anual de comparação. Mesmo assim, ainda que o crescimento das dívidas no setor de contas de água, luz, esgoto e gás seja o principal destaque do mês, o segmento de bancos, seguradoras e planos de saúde é o principal setor credor com participação de 44,91% no total de dívidas em atraso. (Imprensa SPC Brasil)