O Rio Macacu e seus afluentes, que abastecem Niterói, São Gonçalo e municípios vizinhos através do sistema Imunana-Laranjal, estão secando em ritmo acelerado. Atualmente, para atender o consumo dessas cidades, a Cedae retira sete mil litros de água por segundo do rio.
Além de contribuir para evitar o racionamento, os condomínios que pouparem o consumo de água vão se beneficiar com a redução dessa conta, que em muitos casos representa cerca de 20% do orçamento condominial.
Uma sugestão é os síndicos criarem uma mudança de hábito entre os faxineiros dos prédios, acabando com a chamada “vassoura hidráulica”. Devem orientar o pessoal a utilizar o estritamente necessário de água e recomendar que se evitem a lavagem de carros. Também podem lançar campanhas de conscientização dirigidas aos moradores, informando algumas dicas para poupar água (veja como clicando aqui) .
Para a fonte não secar, ambientalistas e técnicos apontam soluções e investimentos urgentes que precisam ser colocados em prática para evitar medidas mais drásticas. A urbanização fora de controle, o desmatamento e o despejo de esgoto são ameaças ao abastecimento de milhões de pessoas nos municípios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itaboraí, Niterói, Maricá, São Gonçalo e a Ilha de Paquetá.
Para o biólogo Paulo Bidegain, do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baía de Guanabara, a situação é “extremamente preocupante”, mas admitiu que há recursos públicos para evitar o colapso.
_ O saneamento do município de Cachoeiras de Macacu é prioritário e custaria em torno de R$ 80 milhões. Enquanto o Inea (Instituto Estadual do Ambiente) tem um orçamento de R$ 60 milhões para custeio; a Assembleia Legislativa tem R$ 1 bilhão para gastar. O orçamento do Tribunal de Contas é de R$ 750 milhões. Há uma inversão de prioridades. A gente não come papel, não bebe gasolina – desabafou o biólogo.
Bidegain lembrou que, como toda a região depende do Rio Macacu, os municípios atendidos por ele são responsáveis por encontrar uma solução conjunta.
_ É no orçamento de cada município e do Estado que se vê a intenção dos governos em resolver a questão. Órgãos que nada resolvem têm infinitamente mais recursos para nada. Desde 1988 um estudo sobre a manutenção dos recursos hídricos de forma sustentável está pronto. Vamos beber leis e comer processos? _ ironizou.
Dentre as propostas para evitar que o Rio Macacu seque estão o reflorestamento de cinco mil hectares de mata nativa em seu entorno, a criação de zonas tampão entre a APA de Guapimirim e as obras do Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), a construção de barragens para os períodos de estiagem, a coleta e tratamento do esgoto jogado no rio e a não utilização da água do Macacu para fins industriais do Comperj.