Sydnei Menezes e RS Barradas*
A escolha e definição do material de acabamento utilizado nas obras de reformas dos apartamentos devem estar ligadas diretamente às medidas de segurança e combate ao incêndio, evitando-se materiais de fácil combustão e propagação do incêndio.
Quando estamos no conforto de nossos lares ou envolvidos na rotina de trabalho em nossos escritórios, nem imaginamos que nos encontramos no interior de uma enorme fogueira potencial.
Os materiais combustíveis são empregados de forma indiscriminada como elementos de construção, acabamento, mobiliário e de decoração. Destes, na ocorrência de um incêndio, podemos esperar a liberação de substâncias inflamáveis, tóxicas e asfixiantes.
Nem sempre é possível evitar o uso dos materiais combustíveis nessas aplicações, mas ter a preocupação e o conhecimento pleno de como eles se comportam quando submetidos ao fogo é de extrema importância no projeto, no momento das especificações funcionais e estéticas dos ambientes construídos.
A contratação de um profissional, engenheiro ou arquiteto, com conhecimento da área de segurança contra incêndio, além de recomendável é fundamental para a devida garantia e segurança de uma obra, onde esta preocupação deverá estar presente desde a concepção do projeto arquitetônico até a sua execução plena.
Portanto ao escolher o material de acabamento para sua obra, faça com o auxílio de um profissional competente, sempre!
É muito importante que o profissional engenheiro ou arquiteto, apresente sempre o respectivo recolhimento da sua responsabilidade técnica: ART (engenheiro) ou RRT (arquiteto).
Este documento comprova que há um responsável devidamente habilitado e com situação regular perante os Conselhos Profissionais, CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo e CREA – Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, para realizar tais atividades.
Trata-se de uma proteção à sociedade e confere legitimidade ao profissional, fornecendo segurança técnica e jurídica para quem contrata e para quem é contratado.
Cabe esclarecer que todo e qualquer sinistro pode acontecer a partir de várias situações, curto circuito, cigarros, acidente com gás, etc. O que é importante é se evitar a propagação do incêndio através da adoção de sistemas de proteção e principalmente evitando-se a utilização de materiais inadequados ou impróprios.
A realidade é que o fato de uma edificação ser protegida por um sistema de chuveiros automáticos (sprinklers) não é suficiente para torná-la totalmente segura. Inúmeros prédios providos de sistemas de sprinklers já foram incendiados, necessitando-se assim de algo mais, principalmente de um maior conhecimento sobre os cenários / possibilidades de incêndios.
Normalmente, sempre que ocorrem sinistros envolvendo edifícios provenientes da falta de manutenção, controle e fiscalização predial, novas medidas são anunciadas pelas autoridades.
Independente de uma obrigação legal é importante a total conscientização dos moradores, síndicos, administradoras, engenheiros e arquitetos para a prática rotineira de vistoria das instalações prediais, com inspeções periódicas das instalações de gás, elétrica, incêndio, hidrosanitárias e eletromecânica, e ainda na avaliação do material de acabamento existente nas instalações prediais, tanto na área comum do condomínio como nas áreas privativas.
Assim, poderemos pensar que estamos agindo da melhor forma possível e com efetividade, para que a ocorrência de catástrofes como a da Boate Kiss em 27/01/2013, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, nunca mais volte a se repetir, não permitindo que os filhos amados das famílias brasileiras sejam ceifados e privados de um futuro de direito.
*Sydnei Menezes é arquiteto e urbanista, presidiu o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio de Janeiro de 2012/2014.
* Robson Santos Barradas é engenheiro de segurança do trabalho e mecânico, MSc. em engenharia ambiental, Presidente da SOBES-Rio – Sociedade de Engenharia de Segurança do Estado do Rio de Janeiro de 2013/2014.